Mãe de dois
Uma nova realidade.
Olá:)
Por motivos óbvios, a introdução de hoje é curta e o texto também.
Viver essa realidade nova significa ser flexível, fazer o que for possível e agradecer quando consegue tomar banho tranquila. 👩🏼🍼
Obrigada por continuar aqui e um “seja bem-vindo” para quem chegou há pouco tempo!
Boa leitura! 🧡
Escrevo este texto no bloco de notas do celular. Eu nunca escrevo no celular. Gosto mesmo é de papel e caneta. Se for um texto para a newsletter ou para meu projeto de livro, faço um rascunho ou mapa mental no papel e depois abro o computador para digitar minhas ideias e compor meus textos da melhor forma que puder. Nunca uso o bloco de notas no celular. Até hoje.
Faz pouco mais de um mês que minha realidade mudou: nossa filha nasceu e agora sou mãe de dois. Se não fosse pela minha teimosia em manter essa news e continuar desenvolvendo minha escrita através do ateliê da
, você não estaria lendo essas palavras. Foi preciso um prazo para que a disciplina vencesse a rotina de um bebê em livre demanda.Foram muitas as vezes em que desejei registrar o que me aconteceu desde então. Sentia que precisava organizar as ideias, agarrar os pensamentos antes que eles desaparecessem da mente, guardar os sentimentos de alegria, confiança e leveza para que me ajudassem nas outras tantas situações de desespero, insegurança e medo. Não consegui. Quando há muito acontecendo em minha volta, não encontro espaço para escutar o que se passa aqui dentro. Para mim, só funciona quando observo o meu sentir. Existe um canal direto entre a minha escrita e o meu coração. Se algo o bloqueia ou atrapalha, o texto não nasce. Tenho que concordar com a argentina Betina González que em um dos ensaios em A obrigação de ser genial (2024), na tradução de Silvia Massimini Felix, defende que a emoção é “o impulso que nos move para a página, que nos leva a narrar o que vivemos ou imaginamos”.
Porém, mesmo sentindo as mais diversas emoções, poucos têm sido os momentos oportunos para a escrita. Tinha me esquecido desse dia a dia incansável de doação e entrega. O dia gira em torno do mais novo habitante da Terra. Nada mais importa. Lembro-me da exterogestação e reafirmo para mim que é natural que seja assim. Os bebês ainda não estão prontos. Não sabem nem mesmo respirar direito ou regular sua temperatura corporal sozinhos. Precisam de nós, pelo menos nos primeiros três meses. Mas não é simples abdicar de si, seja do corpo ou da vida. De um dia para o outro, meus interesses foram para segundo plano e os dias agora se resumem a servir.
Apenas um prazo de entrega do ateliê de escrita, me fez abrir espaço, esquecer o cansaço e permitir que a magia acontecesse. Por experiência própria, sei que sentar e escrever, enche o copo de energia. Não é só o ato de escrever que me preenche, mas também o prazer em observar o que sinto, me conectar com o coração e aceitar o desafio de traduzir as emoções.
O domingo estava terminando e com ele, o prazo de entrega. O dia inteiro passou e não tive nenhuma oportunidade tranquila para a escrita. Mesmo com rede de apoio presente, não houve uma brechinha sequer no dia. O relógio já passava das 20h30 e fazia mais de meia hora que eu estava balançando numa bola de ginástica, tentando embalar o sono da nossa recém-nascida. Minhas costas começaram a doer. Do andar de cima, ouvia o choro do mais velho. Há dois dias, oscila entre febre e temperatura alta, se recusa a comer e não dorme a noite toda. Decido mudar para a cadeira de balanço. Antes disso, pego o celular na urgência de ao menos ler algo que me inspire, que me conecte com o coração. Quem sabe, consigo escrever mais tarde, penso. Faço tudo isso, sem perder o ritmo do balançar que é para não acordar o bebê.
Já na cadeira de balanço, leio um ou dois textos de minha autoria, tenho uma ou outra ideia de pauta. De repente, a pequena em meus braços volta a chorar. Meus pensamentos são interrompidos. Consigo acalmá-la. Volto para o celular. Já não me lembro mais das pautas. Abro o bloco de notas. Digito com uma só mão a primeira coisa que me vem à mente.
Eu nunca escrevo no celular.
Um compilado do que ando lendo por aí…
Finalmente, comecei a tetralogia napolitana! É realmente envolvente e não vejo a hora de terminar para então embarcar no livro da
Para além das margens – A Itália de Elena Ferrante que saiu em agosto pela Bazar do Tempo.Um oráculo chamado literatura da
- me pegou de jeito e me inspirou ainda mais a continuar escrevendo, perseguindo minhas obsessões, traduzindo sentimentos em palavrasas armadilhas do desejo e o amor como saída para o Caos em Matéria Escura da
Até a próxima!
Beijo,
Dani



Ei, Dani, não se cobre nos dias em que não conseguir escrever: você está escrevendo com a mente, quando o corpo experimentar uma pausa tudo será colocado para fora. Força, sei como é difícil, mas logo passa também :)
Esse texto ficou tão bonito. Imprime a foto para guardar ❤️