Olá!
Essa edição ficou mais longa do que eu esperava, então decidi trazer um breve guia para você decidir o que quer ler agora e o que pode deixar para mais tarde:
“limites”: o texto que dá nome ao título da news de hoje, fala sobre burnout, meus aprendizados e o meu mais novo experimento que trouxe um caminho mais leve, menos rígido e mais alinhado com o meu bem-estar
“novo capítulo de por detrás”: o segundo ano dessa news começa amanhã e ele traz um novo formato e uma nova frequência (bem de acordo com os meus limites ;) )
“quem sou eu?”: uma breve apresentação, contando um pouco mais sobre quem eu sou, o que faço e o que você encontrará aqui (é provável que até quem me conhece pessoalmente ainda não saiba de tudo ☺️)
Ainda em tempo: te desejo um lindo 2024, obrigada por estar aqui e uma boa leitura!
Eu tinha chegado no meu limite. Mais uma vez. Em ambas vezes, foi ele quem me avisou. Ele que sabe mais do que a mente e sente toda e qualquer emoção. Os sinais eram nítidos para quem quisesse enxergar. Mas a minha cabeça acabava por escolher olhar para o outro lado, procurar as razões em outros buracos.
O início
Da primeira vez, tive dois episódios breves de uma dor repentina e pontual, semelhante em ambos os casos. Lembro que até achei que tivesse estourado um vaso sanguíneo na mão direita, tamanho era o desconforto. Tive uma crise de choro e decidi ir ao médico no dia seguinte. Lá, nada. N-A-D-A. Ele não conseguia ver nem diagnosticar uma anomalia sequer. Sábio que só ele, resolveu perguntar: “me conte, como você está?” Não saiu nem a primeira palavra. Desabei compulsivamente e só consegui me recompor, porque, olhando para aquele homem de jaleco branco na minha frente, lembrei que chorar não é algo corriqueiro dentro de um atendimento médico na Alemanha. Sem diagnóstico concreto, ele me mandou de volta para casa com um atestado até o final da semana, uma nova consulta para sexta-feira e o seguinte conselho: “você pode fazer o que quiser, contanto que isso não esteja relacionado a performance”. Ainda me recordo daquele sentimento confuso.
Saí do consultório completamente perdida. No trem de volta para casa, pensava o que faria naquela semana. Tudo o que eu fazia tinha alguma métrica por trás. Tudo tinha algum propósito, algum desejo e a busca por excelência ia além dos portões da empresa, pela qual eu trabalhava. Naquela semana, a arte também me salvou. Peguei um livro que há muito estava esquecido na prateleira. Além de comer e dormir, passei a semana lendo aquele livro despretensioso, sem nenhum ensinamento ou aprendizado visível para extrair de lá.
De volta ao médico, continuava me sentindo um peixe fora d’água, porém mais calma e tranquila. O doutor estava nitidamente feliz em me ver com aquele livro debaixo do braço e entendeu que tinha feito um bom trabalho da última vez que nos encontramos. O diagnóstico? Sintomas precedentes de um burnout. Nas suas palavras: eu precisava deixar de entregar 120% em tudo. Mais dia, menos dia, o motor deixaria de funcionar.
Reconheci que deixei a minha mente determinar meus limites, ignorando porém o que o corpo gritava para me mostrar. Era hora de parar.
Isso tudo aconteceu há muito tempo. Parece mais do que efetivamente é, afinal a vida deu um giro completo desde que me tornei mãe. Naquela época, a minha única responsabilidade era a minha própria saúde e bem-estar. Falhei exatamente nisso.
A volta do desafio
A segunda vez em que errei, aconteceu há pouco mais de um mês. Desta vez, ao invés de uma dor na mão, foi o estômago. O desconforto começou logo numa sexta-feira à noite e jurava que era alguma refeição que “engoli” enquanto estava na rua. No sábado à noite, a dor voltou, mas passou logo e foi no domingo, que resolvi buscar a ajuda do meu marido.
Ainda lembro daquela sensação de queimação na boca do estômago. Quase uma azia, só que mais intensa. Senti um nervoso nas pernas, uma inquietação na mente. Me senti perdida e resolvi fechar o computador.
Meu marido me abraçou, colocou as mãos no meu estômago, como quem aplica reiki e aos poucos, a dor foi passando. Expliquei que estava começando a trabalhar numa apresentação para terça-feira quando as dores vieram com tudo. Ele, que me conhece bem, me “intimou” a ir ao médico no dia seguinte e refletir sobre um atestado para alguns dias. Dessa vez, não precisei daquele outro doutor para me dizer o que era. Sabia que não era alimentação ou algum vírus. Era exaustão. Era, mais uma vez, o meu corpo gritando da melhor forma que ele sabe, me implorando para parar.
Esta segunda vez doeu mais do que a primeira. Não sei se, por ser mãe e agora responsável por um outro ser, achei que isso não pudesse mais acontecer comigo ou porque era como se tivesse persistido no erro, como se ainda estivesse engatinhando na vida e não soubesse dos meus limites. Me senti fraca e sem condições para cuidar de atividades normais da vida adulta. Olhando para esses pensamentos hoje, reconheço como fui dura comigo mesma. Reafirmo para mim (e quem sabe, você também precise ouvir?): enquanto estiver viva, estarei aprendendo, realinhando rotas e redefinindo limites, sempre que necessário. Cada fase é uma fase. A vida é cíclica e os desafios voltam com outros rostos, outros nomes, que é para a gente aprender novamente com eles.
Depois do primeiro quase-burnout, veio um pedido de demissão. Mas desta vez, o aprendizado teria que vir de outra maneira, afinal não queria sair do trabalho que tinha acabado de entrar e nem muito menos achava que a solução estaria em deixar aquilo ali. O problema não estava no trabalho, estava em como eu lidava com ele.
O experimento
Apesar do atestado, as tarefas de casa e os cuidados com o meu filho, ainda existiam. Ao perceber que o número de atividades aumentava, recorri ao meu planejamento semanal. Comecei a organizar os to do’s e poucos minutos depois, lá estava aquela dor no estômago novamente. Mais leve desta vez, porém forte o suficiente para que eu a reconhecesse. Confessei o acontecido para o meu marido e foi ali que decidi fazer um experimento: viveria um mês sem aquele planejamento semanal que por, pelo menos, cinco anos era meu fiel acompanhante. Com meu marido de testemunha não fugiria da responsabilidade.
O que dizer?
O experimento foi um sucesso. E desde então, muita coisa mudou. Visivelmente, não existe mais um planejamento diário nem semanal. Por dentro, estou menos ansiosa e mais presente. Soltei as rédeas para me permitir sentir mais do que pensar. Permiti que o coração assumisse o controle e a mente descansasse um pouco. Assim, ele tem me trazido para um caminho bem diferente, mais leve e menos rígido.
Uma estrutura diária que, a princípio, deveria ser um suporte e era normal para mim, se revelou numa prisão, tanto para o corpo quanto para a mente. Preocupada em fazer, eu esquecia do prazer. O prazer da contemplação, da pausa, do ócio e até mesmo, do fazer em si. Meu alto senso de disciplina seguia uma agenda imposta por mim mesma sem nem sequer questioná-la.
E agora?
Em 2024, seguirei meu experimento, afinal foi com ele que aprendi a confiar ainda mais nas minhas habilidades e competências, a escutar a minha intuição e a seguir aquilo que pede o meu coração. Portanto, seguirei observando o que meu corpo diz, abrindo ainda mais espaço para o inesperado. Assim me permito ser um rio que, ao mudar seu curso e redefinir seus limites, corre por paisagens ainda mais surpreendentes do que aquelas que a mente poderia imaginar.
Um novo capítulo de por detrás 💛
Alinhado com essa nova fase, o formato dessa news precisava de mudança. Ainda traduzindo alguns aprendizados que trago do curso de escrita incrível da
, entendi que precisava fazer a news caber no meu dia a dia. É por isso que, depois dessas semanas de pausa e realinhamento de rota, decidi que essa news passará a ser mensal com entregas planejadas (sim, um planejamento cheio de liberdade, levando em conta meus limites de corpo, mente e alma!) para toda lua nova, já que entendi - como uma boa aspirante a astróloga - que os assuntos que trago aqui conversam demais com as energias dessa fase da Lua.Ainda trarei nas próximas edições, referências sobre o assunto principal do mês, caso você queira aprofundar ainda mais ou enriquecer sua vida com novas perspectivas.
Quem está por detrás?
Há alguns meses, passamos de 100 inscritos (uau! ;) ) e tem algumas pessoas aqui que não sabem quem eu sou. Acho que uma breve apresentação faça sentido aqui:
Olá, sou a Daniela! Já faz mais de uma década que moro fora do Brasil e nesses anos todos, a Alemanha se tornou o meu lar, exceto por alguns meses que morei num carro-casa viajando pela Europa com a minha família. Sou mãe de um pequeno de dois anos e casada com um alemão bem boa-pinta. <3
Gosto de conversas profundas, de filosofar sobre diversos assuntos e a escrita me dá a chance de organizar tudo que se passa aqui dentro e que implora para transbordar.
A escrita é o meu segundo trabalho. Então, quando não estou escrevendo, aproveitando a vida com meu marido, filho e amigos ou fazendo esportes, estou tocando projetos de sustentabilidade por aí afora, representando uma organização pra lá de especial.
Em por detrás, você encontra todos os assuntos que mexem comigo: de maternidade a trabalho até escrita e relacionamentos. Aqui trago a minha perspectiva, ilustrando com exemplos bem pessoais que é para a gente se sentir trocando ideia num sofá ou mesa de bar.
É essa troca que me motiva a continuar aqui, afinal essa news só existe porque tem alguém aí do outro lado lendo o que escrevo. Então, sinta-se à vontade para comentar, responder esse e-mail e até compartilhar meus textos com quem você gosta. Quanto mais a gente troca, mais rica se torna a vida! :)
E agora, me conta, o que você faz quando sente que o corpo precisa descansar, mas a mente insiste em continuar?
Nos encontramos na próxima lua nova. Até lá!
Um beijo,
Daniela 💛
Precisei ficar um ano e pouco sem planejar cada passo para encontrar qual tipo de plano me cabe. É importante mesmo pausar e viver um estilo fora do nosso controle! Feliz ano novo e que bom que estás de volta.
Que news mais linda!!! Muito obrigada por escrever <3